domingo, 4 de outubro de 2020

Açúcar avó

Entre os diversos tipos de açúcar que vão da rapadura ao açúcar mascavo, do cristal à sacarose refinada, da maltodextrina à frutose, glicose, falta nesta lista uma espécie principal do gênero, o açúcar-avó.

O gênero avó corresponde ao tipo de açúcar que marca nossas infâncias, que derrete só de olhar, que encanta o paladar, que marca o ato de amar. É o mais gostoso da vida, hummm, dá prazer só de pensar.

Doce, o mais doce dos meus vícios, doceira de mão-cheia, teve até doceira tão doce eram as suas mãos. Doce ilusão, era mais doce até que o pão, tão doce que era uma verdadeira perdição. 

E de tão doce que era, sua doçura deu lugar ao um doce pecado. E do pote do açúcar avó agora vazio encontro outro tipo da espécie, não tão doce, apesar do nome açucarado, o chamado sugar blues!

domingo, 21 de julho de 2019

Mimimínico bolsominiâmico

Bolsomini,
minibolso.
Bolso cheio da bufunfa,
bolsominiâmico mimimínico,
de minimalismo social.
O Estado, é mínimo.
Pra educação, vai o mínimo.
Pras artes, também só o mínimo.
Pra erradicação da fome (ahh... "que fome, no Brasil!?" presidente, 19/7/19), nem mesmo o mínimo.
Pensamento crítico tem que ser mínimo.
O Nordeste também é mínimo, tudo "paraíba intragável", presidente, 19/7/19.
Sexo deve ser mínimo, na condição cisgênero, ao estilo papai-mamãe, agrotóxico messiânico.

Bolsominis, mimimi,
mimimínimo bolsominiâmico.

sexta-feira, 21 de junho de 2019

Corpas

Eu corpa-corpo
Tu corpas
Ela corpo
Ele corpa
It corpo-corpa
Nós corpamos
Vós corpais
Elas, eles, they corpão

sábado, 15 de junho de 2019

Coragem

Não é radicalização,
muito menos falta de arbitragem,
Babilônia é a voz da libertinagem,
Mathias-SP e o Parque Minhocão.
Tamo junto, na camaradagem,
nesse centro-SP de miscigenação,
preenchendo seu espaço, somos a ocupação.
O medo só se vence na existência da coragem.
Qual a ética do discurso da estética?
Por que apagar da história essa cicatriz?
Parque Minhocão já se tornou função poética.
Urge pensar além da matriz,
resgatar o uso da dialética,
aprender com o novo e sua força motriz.

quinta-feira, 13 de junho de 2019

Mergulho no som

Playsom, me preparo do bloco e salto.
Mergulhando em imaginação, sigo o pedido do coração,
ondulando o corpo seco por meio do molhado,
flutuando pelos ares sob a pressão hidrostática que aumenta com a profundidade.
Encantado com tamanha inspiração,
os olhos se abrem, e o que enxergo fica embaçado.
Cadê os óculos... engraçado!?
Sentindo o poder das águas, como num milagre,
percebo ter esquecido os óculos de natação e, claro, o que restava da minha razão.
De uma borda à outra, extasiado,
vou do lugar estreito em direção à outra margem,
como se deixasse de lado a anatomia do corpo para contemplar a existência da alma.
Tomado por meio da fé, marchei ao fundo até onde não dava mais pé,
desnudando a concepção de corpo, a novos sentidos e ressignificações para a alma.
Sem nem dar play, nado na ondulação e mergulho por entre o som.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

Segredos

Gosto quando me fala dos seus segredos.
Sua fala é doce, delicada e fogosa.
No sereno do dia só a lembrança da nossa prosa,
e as marcas registradas a quatro dedos.

Por gostar de saborear da vida, te chamo mesmo de gulosa.
E mesmo que ainda seja bem cedo,
fico feliz que ao meu lado possa perder o medo.
Sinto seu aroma pelos ares, mais forte que o de uma rosa.

Qual a data de validade dos sabores da vida?
Seu vácuo não quero nem mesmo em embalagem.
Pra mim tudo isso é muito mais que uma comida.

Às vezes acho que isso é uma miragem,
minha mente está toda envolvida,
seus sabores são singulares, mistura de entrega com coragem.