domingo, 20 de março de 2016

Num bueiro da cidade

De joelhos no bueiro,
o homem não dava sinais de esperança ou dignidade.
Onde poderia haver igualdade,
em terra que farsante é considerado guerreiro?
Peito nú e pé descalço,
sacava do bolso aquelas bitucas,
que em meio às mãos imundas,
travavam a contagem de tanto fracasso.
Sem poder ou mesmo existir,
bituca a bituca cai em direção ao esgoto.
Para um homem com tanto desgosto,
não há sequer a opção de sumir.
Aonde estão suas pegadas?
Mas o homem não falava,
só contava a porção que colecionava.
Eram tantas bitucas, todas apagadas.

domingo, 13 de março de 2016

Blackout

Miséria humana desenfreada,
Tudo está aparelhado.
Imagens desfiguradas,
Há muita maldade e muitos vilões.

Blackout.
Eu apago todas as luzes.
E se vão os personagens,
Corruptos, gananciosos, muitos medíocres e puxa-sacos.

Blackout.
No escuro só sinto o pulso.
Experimento o vazio,
de quem deseja mudar de curso.

Blackout.
E não vendo minha alma,
Vou ao resgate da minha razão,
mesmo que não haja luz,
em meio à escuridão.