sábado, 5 de agosto de 2017

Três laranjas: não é suco

Pego três laranjas pra fazer suco, meu filhote (3 anos) ao meu lado, e começo a fazer malabarismos com elas.

- Mathi, olha que legal, vc já viu isso?
- Já vi papai, quem faz isso são os meninos que não tem onde dormir, que moram na rua.

(Na lata, meu sorriso de pai babão desaparece como num passe de mágica)

- Verdade Mathi, vc tem razão.

Fim da conversa, acabou a palhaçada. Tomamos nosso suco de laranja, intrigados, e eu, sem a menor ideia do que fazer, diante dessa triste realidade que nossos governantes fingem não ver. Trata-se sim da lógica perversa da pobreza e do atraso que mantém intensionalmente miseráveis à disposição. Vivemos um verdadeiro Estado de exceção, normatizado e escondido em meio à tanta corrupção. Eita país sem projeto, sem futuro, sem nada. Até quando permitiremos o desgoverno e a falta de direção? E o que faremos com nossas crianças miseráveis, que vivem grudadas ao asfalto cinza, fazendo joguetes, fedendo, e inalando poluição?

sábado, 18 de março de 2017

O menino da bicicleta vermelha

O menino tem uma bicicleta vermelha.
Que apesar de ser vermelha,
a bicicleta vermelha do menino é de todas as cores.
E se de todas as cores o menino vê o mundo.
É porque a bicicleta vermelha do menino transforma, como num passe de mágica, o imaginário e as cores do nosso rumo.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Jogo da vida

A vida parece um jogo, há os dias em que cantamos vitórias, outros em que amargamos derrotas.
Vencer é, em primeiro lugar, superar nossos próprios limites e, então, nos sentirmos repletos ao efeito dos hormônios que nos cercam.
Mais difícil, porém, é aceitar a derrota, colocar a mão na consciência, e receber das lições, a adrenalina que recobre o vazio do nosso ser.
Não importa se o jogo é justo ou injusto, se o oponente era covarde. Dia-a-dia temos a aprender, pois são as dificuldades que nos fazem crescer.
E se há esperança em tantos corações, vibrantes e unidos, é porque não há nada que não possa ser vencido, nada que deva ser temido, a menos o nosso próprio medo de vencer.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Serafim


Eis que surge um retirante.
Não é aquele que veio do campo,
mas no umbral, vejo o ser contemporâneo.
Mais que um, um bando que tenta seguir adiante.

Vale a pena?
Na madrugada, antes do primeiro raio de sol,
pela comida, busão, além de um pouco de besteirol?
A luta pela sobrevivência é algo sem fim.

Tudo tão descartado.
Joga-se fora coisa-homem,
cultura, valores, propósitos, restando é muita picaretagem.
Silenciosamente, uma sociedade descarada.

Com tanta miséria em todos os cantos,
e o egoísmo em todos os lados,
o que será da esperança desses pobres rejeitados,
Serafim?